As palavras ouvidas, tom de voz e os gestos recebidos desde a infância junto com os significados de cada época e contexto com que elas foram ditas e por quem as disseram fazem parte do histórico do processo de construção da autoestima da mulher negra.

Uma atual definição de autoestima é a característica da pessoa que se valoriza, estando satisfeita com sua maneira de ser, com sua forma de pensar ou com sua aparência física, expressando confiança em suas ações e opiniões: o aumento da autoestima pode melhorar a qualidade de vida.

A comunicação pode ser verbal e não verbal, e o seu poder nesse processo de construção da autoestima é indiscutível.  O não verbal é o que não é dito e nem escrito. É a linguagem do corpo: a expressão facial, postura e gestos. A verbal é a maneira de falar e a entonação da voz. Alguns estudos mostram que a comunicação não verbal é a mais importante com 55% de impacto, 38% deve-se ao tom de voz e apenas 7% as palavras propriamente ditas.

Com sutileza ou maldade, consciência ou não, a tradução dos pensamentos dos pais, parentes próximos, a escola, a igreja e os amigos, traduzidos em gestos, tom de voz e palavras, influencia diretamente nos resultados imediatos e ao longo do tempo na vida da mulher negra. Ao receber esses pensamentos com o sentimento de raiva, desprezo, humilhação, desdém entre outros, criam muita tristeza e insegurança no seu processo de crescimento pessoal e profissional. Se, houver algum fato relacionado ao preconceito e ao racismo então, tornam-se feridas abertas que doem nos momentos mais simples e decisivos influenciando as várias áreas da vida: espiritual, empreendedora, amorosa, financeira, amizade, intelectual, familiar e saúde, refletindo fortemente em sua bagagem emocional.

Todas as crianças interiorizam a forma de pensar e as mensagens verbais e não verbais de outras pessoas e começam a pensar e agir como se fossem os seus, criando a sua autoimagem e valor. Superar os hábitos de raciocínio da infância é um desafio. Torna-se necessário que, se mantenha alerta, vigilante e consciente o tempo todo para não reproduzi-los sem avaliar as suas consequências. Os adultos são os responsáveis pelas primeiras formas como as crianças se veem e, automaticamente, pelo processo de construção da sua autoestima que vem acompanhada pela memória da comunicação positiva ou não, que fica ecoando na cabeça por muito e muito tempo.

Sentimentos positivos de amor, respeito, paz e tolerância, expressos com e sem palavras, no ambiente presencial e virtual, influencia a todo o momento. Assumir a responsabilidade de se comunicar de forma construtiva, colocando-se no lugar da mulher negra é uma atitude assertiva.

Por isso que praticar posturas de elogio, incentivo, motivação, empatia, amor, entre outras, com o uso dos gestos e palavras positivas e fortalecedoras no dia-a-dia colaboram com a direção dos pensamentos para caminhos que influenciarão na criação da realidade.  Do mesmo modo, ocorre com a realização de sonhos e objetivos. Alguns exemplos de frases são:

• Você consegue!
• Você é importante para mim!
• Você é bonita!
• Você realizará os seus sonhos!
• Você é forte e vencerá os desafios!
• Você pode! Você é inteligente!
• Você é capaz! Você não está sozinha!
• Você vai superar tudo isso!
• Eu lhe compreendo! Eu estou com você!

Torne um hábito à contribuição positiva e fortalecedora para a construção da autoestima das mulheres negras.

Glossário:  A autoimagem é a parte descritiva do conhecimento que o indivíduo tem de si próprio, chamado por William James si mesmo (inglês. self). Ou seja, é a descrição que a pessoa faz de si mesma. Esse conhecimento tem também uma parte valorativa, que é a autoestima.

Fontes:
Albert Mehrabian, livro Silent Messages (1971).
Dicionário Online de Português, https://www.dicio.com.br/autoestima/
Instituto Brasileiro de Coaching – IBC (2014).
Livro Seus Pontos Fracos 12º Edição – Dr.Wayne W. Dyer (1976) – Editora Record
Wikipedia, https://pt.wikipedia.org/wiki/Autoimagem

Postado originalmente no site Mulheres Na Rede, por Tati Brandão.